Ganhar na Mega Sena Traz Felicidade?

[vc_row][vc_column width=”1/1″][vc_column_text]Bem, quem não ouviu a história que ocorreu há algumas semanas de um grupo de 44 funcionários de uma mesma empresa portuária de Santos, em São Paulo que tiraram a sorte grande. A curiosidade é que, na realidade são 49 apostadores, já que 5 tiveram que dividir o valor de aquisição do bilhete, de R$17,18, para ingressarem no bolão “da firma”. Dividindo os 122,6 milhões entre as 44 apostas temos quase 2,8 milhões de reais para os felizardos que receberam esta grande quantia após o prêmio ter se acumulado por semanas. Isso não só causou a alegria dos colegas de trabalho, mas também o lamento e o choro daqueles que perderam a chance de se tornarem milionários da noite para o dia.  Em outros “colegas”, porém, despertou um dos sete pecados capitais como a inveja fazendo com que os telefones, nomes e, até mesmo, as redes sociais dos sortudos fossem vazadas.

O que quero destacar de tudo isso, focando nos aspectos comportamentais, é que toda vez que um repórter pergunta a uma pessoa que está na fila da lotérica fazendo sua “fezinha” o que ela faria com um prêmio como este percebe-se que as respostas são, quase sempre, praticamente as mesmas como: o desejo de comprar um imóvel, trocar de carro, fazer viagens pelo país ou ao redor do mundo, auxiliar os familiares e por que não, colocar neste pacote, uma casa na praia, uma chácara ou um sítio? Se pararmos para fazermos as devidas contas e dependendo da região em que o ganhador resida ou pretenda morar este dinheiro na mão pode se tornar vendaval. No caso de o ganhador querer morar na capital, em São Paulo, por exemplo, qualquer imóvel hoje em dia com pouco mais de 100 m2, 3 quartos e 2 vagas de garagem já pode levar quase metade do prêmio ganho. Isso vale também para os automóveis de luxo, que antes, custavam em torno de seus 150 mil e tiveram seus preços bastante elevados na pandemia, em razão não somente da forte demanda, mas pela ausência de semicondutores e pela escassez da cadeia mundial de suprimentos sendo, muitos deles, oriundos de países asiáticos como China e Japão. Uma coisa que é importante de se atentar neste tipo de situação é que comprar é muitas vezes mais fácil do que manter os bens adquiridos ainda mais quando se recebe um montante nunca imaginado gerando, à primeira vista, a sensação de que o dinheiro nunca irá acabar, porém, ele pode ser finito se não utilizado com sabedoria! Por exemplo, quanto custa manter um condomínio mais o IPTU de um imóvel de mais de 1 milhão de reais, por volta de R$18 mil ao ano, sendo R$3 mil de imposto e 15 mil de taxas condominiais, somado a isso, quanto custa a manutenção deste? O custo da manutenção de que um imóvel deste padrão merece! No caso de um automóvel no valor de R$300 mil, quanto custa o seu IPVA? Se for com emplacamento no Estado de São Paulo, podemos dizer que por volta de R$12 mil e como, se não bastasse, quanto custa o seguro e a manutenção de um bem deste? No caso do seguro dependendo da localização e do perfil ele pode chegar até a R$ 20 mil ano. Uma chácara, um sítio, quais são as despesas anuais e mensais? Seriam inicialmente o imposto territorial passando pela sua manutenção e conservação do patrimônio, mas também pela sua zeladoria exigindo, em muitos casos, a contratação de um caseiro ou funcionário, especificamente, para esta finalidade. Somando somente as aquisições de um imóvel no valor de 1,2 milhão e carro mais impostos e gastos com seguros, por exemplo, lá se vão R$1.550.000 no primeiro ano, fora as demais despesas que aqui não foram contabilizadas.  

Perceba que aquela sensação de que é muito dinheiro e que ele nunca irá se esvair pode, num piscar de olhos, escorregar pelos dedos de um sortudo sem Educação Financeira.

Um grande clichê que ocorre quando se fala em premiação de loterias é de quanto este valor investido na Caderneta de Poupança renderia ou quantos carros populares poderiam ser comprados com este dinheiro. Para fugir disso eu não farei esta comparação por três motivos, a Poupança não é o investimento mais adequado para superar a inflação de 11,30% (IPCA acumulado em 12 meses, segundo o IBGE), a segunda razão é que não existem mais “carros populares” no Brasil no valor de R$20 mil, R$25 mil (bons tempos, não é mesmo?) e, por último, que existem melhores investimentos a serem realizados como vou demonstrar logo mais. A ideia é que isto sirva como uma espécie de alerta para demonstrar que não é necessário matar a galinha dos ovos de ouro (o prêmio de 2,8 milhões) e que a premiação, pode sim, trazer felicidade, porém, isto dependerá de como serão destinados estes recursos vindos em boa hora. O que ele pode trazer, sem dúvida nenhuma, é um pouco mais de tranquilidade e de menos preocupação com a falta de dinheiro, principalmente se, toda esta quantia ou uma boa parte dela for direcionada para que os juros compostos possam trabalhar a favor dos sortudos fazendo com o que se multiplique ao longo do tempo. Seria como se ganhasse uma árvore frondosa que necessita de solo fértil, adubo e ser regada todos os dias para que tivesse a oportunidade de tempos em tempos de colher apenas os seus frutos. Uma outra atitude, não muito inteligente, que o ganhador pode tomar é de começar a cortar os seus galhos culminando, depois de um tempo, na derrubada de seu tronco transformando tudo em carvão e ficando, por sua vez, sem a árvore e sem os frutos.

Para auxiliá-lo a entender melhor o poder dos juros sobre juros realizei uma simulação utilizando títulos públicos atrelados a inflação que tem por característica ser um investimento de menor risco, superando o mais tradicional investimento do país, pois, são considerados ativos livres de risco, e que além de proporcionarem um retorno mais interessante, contam com a proteção contra os efeitos inflacionários já que possuem como referência o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Além de remunerar acima da inflação por pagar juros reais eles ainda proporcionam o pagamento de resgates semestrais de juros, os chamados cupons. Abaixo segue um exemplo de rendimentos calculados através da Calculadora do Tesouro Direto demonstrando o pagamento de juros semestrais para uma aplicação de R$2.800.000 até o ano de 2055 que resumimos até 2024 para que o leitor pudesse ter uma ideia deste potencial:

 

Tesouro IPCA+ com Pagamentos Juros Semestrais 2055 (IPCA+5,71% ao ano)

Data de Pagamento

Juros Semestrais líquidos Equivalente Mensal

15/05/2022

R$ 73.440,70 R$ 12.240,12

15/11/2022

R$ 61.361,72

R$ 10.226,95

15/05/2023 R$ 65.280,28

R$ 10.880,05

15/11/2023 R$ 67.175,21

R$ 11.195,87

*15/05/2024 R$ 71.385,35

R$ 12.245,84

Valor investido de R$2.800.000 em 01/04/2022, Taxa de rentabilidade de 5,71% a.a., Taxa de administração: zero; Inflação estimada de 6% a.a.
* Os retornos se estendem semestralmente até 15/05/2055 onde ao final o principal é devolvido com a correção da inflação de todo o período.
Os cálculos acima são apenas demonstrativos e não são recomendação ou promessa de retorno.

 

Por fim, dos 49 apostadores sortudos apenas um pediu demissão e os demais continuam trabalhando em suas posições normalmente, mas por questões de segurança muitos acabaram deletando seus perfis nas redes sociais devido ao vazamento citado no início da matéria. Parabéns pela parcimônia dos ganhadores, que façam bom uso dos recursos democraticamente recebidos e, para terminar, um ponto importante de salientar é que um dos melhores profissionais para estas ocasiões, sem dúvida nenhuma, é o Planejador Financeiro, certificado CFP®, que de forma isenta e sem conflitos de interesses, pode auxiliar de verdade em casos como este e em outros de recebimento de recursos repentinos oriundos, por exemplo, de uma rescisão por anos de trabalho, de uma venda de um ativo substancial ou até mesmo de uma herança.

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